A magia dos contos de fadas na contação de histórias

Por Nathaly Figueiredo


Lembro-me com carinho os momentos em que eu e meu irmão sentávamos debaixo de uma opulenta mangueira em nosso quintal para ouvir as histórias que minha mãe lia. Eram momentos únicos. A cada brisa, a cada folha caída da nossa mangueira, risadas gostosas de crianças ao afeto de sua mãe. Assim como eu, creio que a maioria das pessoas tenham alguma lembrança relacionada ao ato da leitura. O mais interessante é que todas às vezes em que me recordo desses momentos, o que vem a minha memória não são as histórias em si, mas o prazer que minha mãe exprimia ao estar conosco. Esse sentimento é explicado pelo psicólogo Bruno Bettelheim. Para ele a leitura cria uma relação de desenvolvimento afetivo e emocional entre os pais e as crianças. De fato, esses momentos eternizaram como umas das lembranças mais expressivas e afáveis da minha infância.
Hoje, com o tempo, adquiri o hábito da leitura, e, a cargo de curiosidade, a minha suntuosa mangueira não se faz mais presente. Porém, as palavras e risadas debaixo dela se perpetuam e com o valioso ensinamento de que as experiências provenientes de nossa infância se refletem adiante, e mais que isso, fazem parte da construção do ser humano que seremos no futuro. 
Diante disso, percebe-se a importância da contação de histórias durante a infância, pois além de atuar no desenvolvimento cognitivo e no desenvolvimento da linguagem, fortalece os laços com o leitor, trabalhando aspectos emocionais e afetivos. Cabe salientar que, a contação de histórias é mais que o ato de ler um livro, é criar vínculos, aguçar a imaginação, propiciar ao ouvinte prazer e expectativas de forma lúdica e interativa. Nessa perspectiva, na literatura infantil, se destaca os contos de fadas. Cury, Silva e Gonçalves, nos esclarece sua importância:
Os contos de fadas são capazes de auxiliar as crianças a superarem certos medos, inseguranças e receios, pois o envolvimento simbólico com a proposta lúdica facilita o entendimento e “possíveis soluções” desses conflitos, propiciando o desenvolvimento psíquico, afetivo e social; isso eleva a autoestima das crianças, contribuindo para a formação da personalidade infantil, bem como na construção desta ao longo da vida.



O interessante nos contos de fadas é que sempre há uma lição a ser ensinada, uma moral. Os personagens que praticam a bondade, sendo misericordiosos e corajosos, sempre alcançam o seu “final feliz”, por outro lado, aqueles que escolhem a maldade, recebem um fim baseado em suas más escolhas, porém mesmo assim podem alcançar a redenção, mostrando que todos merecem uma segunda chance. São histórias muito ricas, que não só entretém, mas trabalham a resolução de problemas, encorajamento e bom relacionamento com os demais. Atua no desenvolvimento da personalidade das crianças, fazendo-as compreenderem melhor o mundo e fortalecendo suas interações com seus familiares, amigos, professores. Os contos de fadas sobreviveram ao tempo justamente por conterem ensinamentos que falam à alma da criança, falam de valores imutáveis, que todos nós, mesmo na fase adulta, nos identificamos.
 Obviamente há inúmeras obras tão valiosas quanto os contos de fadas, mas é inquestionável sua contribuição na literatura infantil.

Referências:

CURY, L.; SILVA, T., A. C.; GONÇALVES, K. G. F. Era uma vez: a influência dos contos de fada na infância, 2010. Disponível em: <http://www.abrerecreadores.com/acadêmico/>. Acesso em: 16 fev. 2019.

BETTELHEM, B. A psicanálise dos contos de fadas. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980.

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